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Mostrando postagens com o rótulo #desafio

Caminhando com a Ana

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No primeiro passo, descendo do avião ainda na conexão em Madri, começou a nossa divertida viagem com a pergunta da funcionária da Iberia, parceira da Latam, para a senhora que levava seus pais já idosos para a Europa: – Se quedan en Madrid? E ela: – Mãe, ela tá perguntando se você vai querer a cadeira de rodas. Foi nossa primeira gargalhada. Da Ana e minha. Fomos juntos para Lisboa, para de lá pegarmos um ônibus até Fátima, prestarmos nossas graças no ano jubilar, e iniciarmos nossa jornada até Santiago de Compostela, a pé, perfazendo 500 quilômetros (505km em um dos GPSs, 527 no outro). Foi uma viagem maravilhosa e foi uma viagem maravilhosa... Por mais que as previsões dissessem do frio rigoroso que castigaria Portugal no mês de março de 2017, e que andaríamos debaixo de chuva durante os 20 dias de jornada, não foi exatamente isso que aconteceu. Era pegar o Caminho e a chuva dava trégua, quando não abria um sol das regiões temperadas, iluminando o rosto da Ana, sec

Kumite do Amor

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Comecei, há pouco, a dar aulas de Karate na Tônus . E, de cara, percebi que quero dar aulas para crianças e seus genitores...  Mães e pais, filhas e filhos.  Conversei com a responsável pela clínica de fisioterapia preventiva e reabilitação, e não foi surpresa que, explicando a minha filosofia, ela desse todo o apoio necessário. Inclusive, se prontificando a me dar suporte na promoção que eu propus:  Pedi a ela que o pai ou a mãe que decidir fazer as aulas com seu(s) filho(s), pagassem apenas 50% do valor da mensalidade. Ela aceitou e me disse que a ideologia da clínica tem tudo a ver com isso. Aos 9 anos, decidi sozinho que eu queria fazer Karate. E pedi à minha mãe, que me matriculou. Não havia sequer um conhecido, primo, amigo que fizesse. Isso era 100% meu. Daí sua importância em minha vida. Tenho 43 anos de idade, e é absolutamente viva em minha memória a única vez que me lembro do meu pai entrando na academia Gui Do Kan de Karate, do Sensei Roberto Linhares,

É Natal, filha.

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É muito difícil quando chega o natal.  O natal sempre foi uma época difícil em minha vida. Como meu pai foi o décimo quinto filho de uma família pobre de Teófilo Otoni, seus natais foram marcados pelas diferenças dos sobrinhos que tinham condições e meu pai que não tinha. Na família da minha avó, aquela história de comprar um sapato pra dois filhos e um ir com um chinelo e uma atadura no pé esquerdo e o outro ir com o chinelo e a atadura no pé direito pra aula foi verdade.  Meu pai foi marcado pelo palpite de vários e vários irmãos acima dele, cunhados e cunhadas que tinham idade pra serem seus tios e pais que já tinham idade para ser seus avós. Isso fez com que ele escolhesse o caminho da individualidade. Para virar o adulto (maravilhoso) que é. Acontece que o natal não tem a ver com individualidade. Não tem a ver com a escolha da partida. Tem a ver com a escolha da partilha.  E um dia, ele chega, podemos escolher: vamos ter natais marcados por nossas dores, ou nat

O Amor depois dos 35.

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O cursor pula na tela. Como escrever? O que dizer sobre o Amor escolha? És. Colha. Já usei muito essa poesia semântica. Aliás, quando eu morrer, talvez façam uma notinha de jornal com esta epígrafe: “morre um dos criadores da poesia semântica”. Sim, quando a gente passa dos 35, começa a pensar na morte. Porque de alguma forma, você já se deu conta que “...podia ter subido mais montanhas...” ah, sei lá. Não vou ficar aqui citando poema dos outros, porque isso não leva a lugar algum. Depois dos 35 começa a pensar na morte e a vida vira um tesão. Fazer 35 não é brinquedo não. Quanto mais quando você descobre que você espirra e tá com 42. E ainda fingindo ter 35. Ou querendo ter... Com trinta e cinco você se lembra de uma cacetada de filósofo foda que com 35 já tinha resolvido a vida e inscrito seu nome no tempo do sempre. Com 35 você pensa que Jesus viveu só 33 e você já tá no lucro, e ninguém vai se lembrar de você daqui 200 anos, quanto mais daqui 2015. Daí, você me

Quero Despedir

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*Na foto, o "Portal Grande Sertão" do artista plástico Léo Santana. Bem disse Guimarães Rosa: “Despedir dá febre”. Pois bem, eu quero a febre. Quero despedir. Quero o não querer, quero o que vier, quero a natureza plena, toda, simples. Quero a mais pura verdade. Não quero pedir nada, quero despedir. Despido de desejo, despeço. Pedido cobrança, pedido lembrança, pedido ciúme. Pedido questão, pedido perdão, pedido súplica. O pedido é o perdido que quer se encontrar. Mas não. Despeço, despido, despedido. Nu que não aguarda roupa. Sem emprego que não espera trabalho. Quem parte. Quem despede pode partir em paz. Partir sem pedir é a liberdade total. Amigo meu tem um caso de amor com Londres. Ele está na porta do prédio e joga uma moeda. Cara, esquerda. Coroa, direita. Assim ele vai, se perdendo, perdido, encontrando a inusitada presença do desconhecido, do não desejo, do que pode surpreender efetivamente. Quando não expectativa, o novo real se apresenta.

A gente só quer um abraço, Dave Grohl.

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Você conhecia Cesena? Eu ia perguntar se você conhecia o Foo Fighters, mas aí eu fiquei com medo da resposta. Engraçado isso. Na faculdade, uma amiga começou a namorar um cara e fomos passar o final de semana no meu sítio, esquema casais. Vinho vai, vinho vem, sou surpreendido com essa pérola que regurgitou da garganta do porquinho: – “Elis Regina? Quem é essa dona?” Minha taça quase caiu, em ato de estupefação preconceituosa. Sim, acredito que somos assim. Muito preconceituosos. No meu caso, devo dizer, meus preconceitos são de outra ordem que não os mais comuns, passíveis de penalidades na legislação. Ainda assim, dignos de serem trabalhados. Por que cargas d’água eu deveria achar que todo ser humano habitante do Brasil com idade (hoje) de 40 a 45 anos, tem obrigação de conhecer, ou pelo menos ter alguma referência sobre Elis Regina? Me lembrou aquele ato preconceituoso contra o Zeca Camargo - um apresentador da Rede Globo - que fez uma crítica à comoção

Desligue o seu celular e sapeque enquanto é tempo

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A música desse texto foi escolhida em homenagem a Fernando Brant, Viajante do Manoel, o audaz, que partiu essa semana para fazer poeira em outras estradas, nas estrelas do sempre. *** Se você tem menos de 35 anos, por favor, não leia este texto. Depois não diga que não avisei. “O sonho acabou. Quem não dormiu no sleepin- bag nem sequer sonhou”, como diria Gilberto Gil.  Digo isso porque sapecar é maravilhoso. Digo isso porque trepar (me desculpem os pudicos) revigora. Digo isso porque fazer safadezas sexuais livremente com consentimento do seu parceiro é contundente e transformador. Desliguem a CENSURADO do celular. Sexe-se.  Não, não errei o substantivo, não errei o adjetivo. Verbeio a existência do agir, imploro a substantivação do ser sexual, pelemente falando, líquidamente existindo, cabelamente puxando, suormente apertando. Pause-se. Respira, vai.  Começa de novo. E depois para. Porque isso é bom, mas termina aí. A música dos anos setent

pre conceito e pro vocação

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Domingo, 9h da manhã, virei a esquina e me deparei com a babá vestida de branco, empurrando o carrinho do bebê. Vinha a mãe, ao lado, um pouco atrás, com roupinha de caminhada, produzida, unha feita, no Whatsapp e puxando a guia do cãozinho engomado com lacinho na cabeça. Meu pré conceito me diz que é o fim da feira a mãe ficar com o cãozinho e com o whatsapp enquanto a babá fica com o bebê. Não são dois bebês. É um só. Mesmo que fossem. Já sei, vou ser linchado pelas mães a favor das babás a qualquer tempo e lugar. A coisa tá tão séria que já vi uma babá pra cada filho. Mais a chamada “folguista” (ou duas, pro fim de semana). O argumento que normalmente ouço é o seguinte: ah, a mãe trabalha a semana inteira, precisa descansar no final de semana. Ok, e até agora o pai não entrou na equação. Estou cansado (e triste) de ver pais que trabalham demais, em busca de um melhor futuro pros seus filhos. Um futuro que teoricamente não existe. Não, não existe, por mais que você

Sirimim

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foto: Ana Guimarães San Bol.  Deus entrou pela janela do banheiro de madrugada.  O vento dizia Om e o Vazio entrou despreenchendo tudo.  Foi-se tudo.  Foice tudo. Banhei-me nas águas milagrosas de San Bol.  Eu caranguejo, sirimim. Ontem, massageio seus pés cansados de tanto Caminho em meditação. Descubro que eles estavam dentro d'água, banheira do amor. A banheira é de pedra, a água turmalina.  Vitrifique-se. O perdão clarifica o espírito, o amor ilumina a alma, a paz cristaliza o equilíbrio. Tornamo-nos um com o Caminho e o Vento.  Óh! Trigonal une verso! Há mar na banheira mágica de San Bol. E o Vento continua passeando na copa das árvores, mesmo quando não vejo. A Ave Maria na Banheira de San Bol me banhou o espírito, a fé e o Caminho. Sou grato a Peregrina Ana Guimarães.