Antídoto



Zapeando a mente, dá de cara com um filme antigo.

Um filme assim requentado, sessão da tarde, daqueles que tem cachorro e que faz a gente chorar. O nome do cachorro já dizia tudo.

Tinha o herói, afeito a provações, tinha a mocinha princesa, dona do cachorro, digo, do dragão alado, tinha a mãe da mocinha, a dona Rainha, tinha o Rei, tinha tudo. Tinha um palácio ecologicamente correto, com um jardim de tirar o fôlego, com chifre de veado, orquídeas raras, gazebo, piscina, digo, lago, tinha tudo.

Tinha uma história bonita a ser contada. Tinha uma história bonita a ser cantada.

Daí, música se fez, veio a bruxa, veio o tempo e o mato cresceu ao redor. O príncipe, mais parecido com sapo, não se fez de rogado. Voltou ao palácio e tentou de um tudo, menos o beijo.

E a bela adormecida não arredou o pé.

Mesmo linda, mesmo pintura, mesmo musa, mesmo sonho, não se fez real. Preferiu ficar dormindo a descer da torre. Nem quando a lágrima palavra tocou seu rosto, escorreu em seu peito e molhou seu coração.

Mais uma história de amor que brinda com a taça de Romeu e Julieta. Dessa vez, por escolha.

Talvez tenha faltado o beijo. O antídoto de todo sono de amor.



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