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Mostrando postagens de janeiro, 2013

A Praia, o Tempo e o Vento

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O terço do tempo navega contas, orações. Lentas, ritmadas, cadência. Saudades da minha adolescência. O manto do tempo recobre o frio passar dos dias. Sento, santo, fé que me acompanha. Os dízimos que pago. Haverá tesouro escondido? O fado do tempo chora entoado à toda espera. Espera por mim, sol da tarde, vê se ainda me arde, quando escuro chegar, quero estar aquecido. O vento do tempo sopra as folhas da memória. Álbum caído n'água, lembranças naufragadas, as perdas são peixes que se vão. Mergulham fundo, pra sempre. Fosso eu fosse, abismaria com tudo. Mas não sou água, sou Vento, que lambe lindo lendo as águas do há mar. Faço ondas palavras, crio espuma, e apago as juras de amor eternizadas na areia do agora.

O quintal do meu amor

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O passarinho do bem foi ciscar no meu quintal. Bico ocre, saia azul, redondilha maior, esperança. Na beira d'água ele dança. O passarinho do amor foi ciscar no meu quintal. Bico cor de sangue, redondilha menor, minha, a infância. O amor não espera crescer. O passarinho do medo foi brincar no meu quintal. Bico branco, olhos vermelhos, sem verso, silêncio. O mudo oco do mundo que inunda. O amor não tem mapa quando se perde. Como arde. O passarinho da dor foi brincar no meu quintal. Sem bico, sem pena, ai de mim que fiquei nu. Dei minhas vestes, receei que passasse frio. Vasto horizonte, um só navio. O passarinho da vida foi cantar no meu quintal. Bico de pau, marionete, danço, ânimo, luz da tarde. A noite vai trazer o outono. Com as folhas que caem faço meu colchão de sonhos.

Mar

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Amar cura saudade de amor. Amar cura saudade de querer. Amar cura medo de perder. Amar cura o ciúme que existiu. Amar cura amor que se partiu. Amar cura desejo desmedido. Amar cura ser traído. Amar cura até o que nem sei. Amar cura feiura, chatisse, mal gosto, bobeira. Amar cura quem gosta de axé. Amar cura amargura, cura as agruras da vida. Amar cicatriza ferida. Amar cura unha encravada, espinhela caída, noite mal dormida. Amar cura até o meu dodói. Ama, amor, a todo custo. Ama, amor, o percurso, que todo fim tem gostinho de desgosto. Amar é o que dá gosto. Tempero agridoce do encontro, amar cura a insossa existência da alma. Rolimã da vontade, combustão da amizade, explosão do tesão, amar cura até um sonoro – "Não". Há mar e ondas de desejo. Onde mergulho e vejo os peixes que só eu sei.

Amar dura

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Couraça de sal, temperado na estrada. Que rio atravessa, boiando nas águas, atrás de menino que foi, sem destino, e nunca mais voltou. Dourado de sol, escamando, a pele. Apele, lhe chame, lhe chama. Fogo que tem que não tem jeito não. Queima. Quer, acima de tudo. Ousa. Ouve os pés que lhe chamam. Crepitam. Ilha em terra firme, ilha em terra seca, há mais, um farol que não se apaga nunca. Há. Pega. A luz vem em ciclos, ele em ondas. Seu menino é mágico, voa, venta, ama, atrás do que nem sei. Nem sabe. Ou deveria saber. Não remói, não destrói, não rasga o restinho que há, mar a dentro. Mar há dentro. Muito. Transborda em praia, onde escrevemos sonhos impossíveis, onde esquecemos ondas impassíveis, que vieram, sem nos respeitar. O mar tem disso. Quando há mar, de verdade, há ondas. Há espuma. Não sobra nada. Nem barco, nem canga, nem canto, nem gato. Nem agruras.  Se há mar, leva. Se há mar, cura.

Cato-vento

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Cata-vento Dia primeiro de novembro de 2012, o livro V ENTE veio ventando. Foi bom escutar o sopro de quem foi porque comprou antes, de quem foi porque acredita em mim, de quem foi porque gosta de mim, de quem foi porque gosta da palavra, simplesmente, ou porque sabe o quão difícil é fazer arte, no bom sentido. Só tenho tentado. E não só. É muita gente que acredita, é muita gente amiga, é muita gente disposta a fazer a diferença, seja na minha vida, seja na vida do próximo, seja na vida do outro, que às vezes nem próximo está. É bonito ver, sentir, repartir, partilhar, compartilhar, dividir, somar. Bom ser parte de um verso que não é elaborado por mim apenas. Um projeto como esse é feito de muitas mãos, de muitas mães, de muitos pais. Eu sou só ponte. Sou só ponto. Quero acreditar e continuar acreditando. Esse vento veio num abraço. O vento abraça a gente, acredite. Tenha fé. Foram mais de 150 pessoas no lançamento, até hoje, cerca de 400 livros vendidos, dezenas de e-ma

V ENTE comigo

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RELANÇAMENTO DO LIVRO V ENTE Data: NESTA quinta, dia 17 de janeiro de 2013 Horário: 19:30h Local: Livraria Mineiriana Endereço: Rua Paraíba, 1419, na Savassi Com a presença de: você Participação Especial: você Por isso, não perca! Se foi no lançamento e já leu o livro, vamos conversar sobre ele. Leve um amigo, um parente, o vizinho, a amante, ou (de preferência) os quatro. Se não foi no lançamento, aproveite! Pra quem não sabe, 100% do valor das primeiras 500 unidades do livro V ENTE foram doadas para o NOVO CÉU, uma instituição beneficente que cuida de crianças especiais. A doação já foi feita, falta terminarmos de vender o número de livros relativos à doação. Participe. Clique no título do livro e conheça o poema multimeios V ENTE: V ENTE

Deu

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Deu. Amei de todas as formas. Derr amei-te . Derramei-me. Derramei- ti . Transbordei sentidos. Entornei. Tornei-me outro, derramado, tornado líquido, e-feito da água do há mar. Fizmemolhaaaaaaaaado. Olhado por ti, ilhado, que querer sem dono é desejo-abandono , perdido, flor sem água tomba, tromba d'água afoga. Afaga. Dá-me o de beber. Que quero tomar. Quero o copo cheio, sem meu devaneio de por ti entornar. Em torno de nós, o jardim do ídem. É que somos iguais. Amantes, amados, cansados de sofrer de há mar. Há porque nadar. Há porque querer. Há de acreditar. Há, que não estou farto, há porque há, crê, dito: há tempo e balsa, há pra navegar . Deus nos chama de amor que queima, fogo n'água salga, tempera a espera do meu peito, que insiste: não vou magoar... mesmo líquido, mesmo flácido, mesmo público, rasgado mesmo tímido. Ele vai permanecer lá. Sendo olhado, visto, boiando, a deriva, no sobe desce das ondas do oitinfinito há mar. Boi, ando. Forte, lento, c

A minha espera

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Corre para pegar. Espera. É a expectativa da vida. Corre, é seu. Espera. Espera aí um pouco. Deixa eu só lhe ver um pouquinho. Seu desengonço é dança, jeito moleque de me fazer carinho ritmado no olhar. Bracinhos, pernocas, cachos e preces. Vestes do amor. Sou grama verde verdinha a coçar, sou o branco puro do ar que envolve. O Vento que veio pra ficar, brincando de anjo da guarda a lhe acompanhar, ornamentos. Você olha a palmeira, brinco, agito com ela, você vê o mato, eu folhas dando tchau, observa as ondas, eu bolhas de sabão. Sopro areia nos seus dedinhos pra lhe fazer um carinho. Toco piano em seus cílios. Seu sorriso me enleva, sua voz me eleva, acordo harmonias escondidas em meu peito de vento. Sinfonio-me, maestrina. Sintonia. Atônito, paro. Estático silêncio, silencio em busca de sua resposta, qualquer que seja. Deus está no intervalo do seu silêncio e minha, e terna, espera. Espera. Mespera. És pêra. Dento-me de sentidos que sonham o mel do seu reconhec

#nobomsentido

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Fui ser grande no encanto. Expectativeime tanto, sonhei, vivi. Mistureime pranto, canto, oração, decidime novo. E nada disso adiantou. Fizme luto, nascimento, vida, renovado, renoivado pra me saber, há mor. Fizme sonho, doce, engano, frágil, bento, pra me saber, há mar. Resolvi: vôo. Evento. Resolvi: vou e vento. A estrada tem seus mistérios. Monastérios. Santos e demônios que atravessam a rodovia da mente. São muitos fantasmas, muitos desejos, muitas maneiras de suspirar dentro de um capacete mesmo. Há paisagem, há pais, agem, a independer da expectativalheia. As retas me dizem de mim. As curvas me dizem dos outros. E aprendo no caminho sobre um e outro. No sertão de Guimarães pedi licença, desejei que me protegesse no caminho. São veredas que tomam meu peito em festa, que imploram, deixemnos boiar, brotar, florir! Hoje, somos mais. E (a)creditamos aos passos, nos passos (por nada), sou e só. Que a próxima curva me pegue. No bom e no bom sentido.

Melinha

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Que se foram as festas de fim de ano. Onde você estava? Onde eu estava? Onde estávamos nós, os nós da gente, os em nós? Tomei o rumo do ser tão. Vim pra dentro, rumei estrada a fora, em busca das coisas todas que nem sei. Vim fazer encontros e despedidas, fui percorrer a mesma distância que vou percorrer à pé esse ano, na peregrinação do coração.  Originalmente, a distância seria a mesma de Belo Horizonte a Recife, mas São Francisco me chamou, São Thiago me chamou, São Jorge agora me chama, e tenho que dar um jeito, que jeito nisso eu dou. Foi um pouco complicado virar a página. É que, você sabe: dois mil e doze, um ano de cortar cebolas. De caminhadas internas e sonhos em que se está nu, em cima do palco. De ouvir relógio tiquetaqueando enquanto o coração tenta entrar no compasso. Um ano de sopro no coração. De ouvir o vento e atender seu chamado. De busca sem mapa, de chuva sem lona, de sonhos não dormidos. Dois mil e doze foi o ano que eu não casei. Ia ser dia q