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Mostrando postagens de abril, 2012

A pureza e a fome do perdão.

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Sob o céu do cerrado, onde o horizonte é mais verdadeiro, me situo. Sítio. Tem um quê de meu aqui, tem algo que me diz da minha verdade, das minhas escolhas, dos meus desejos, estando eles pertolonge ou longeperto. Na casa que é muito minha, por paixão completa, por pai-chão completo, respiro. Clara está com fome. Com 5 meses e meio, encontra um jeito de se comunicar não só com a mãe, desde cedo me conhece. Sou irmão do pai dela, sou irmão da mãe dela, sou tio mais velho, gasto de amor e de saudades. Clara me fala da fonte da juventude. Clara me fala da fome da juventude. Clara é generosa, sabe que Beatriz não está nos meus braços agora, que as notícias que chegam são sempre suadas, molhadas das tantas correntes torrentes que passam por nós, e decide doar-se de amor, pra mim, pelo tempo do sempreagora, enquanto estiver em meus braços. A fome da vida pede que esse tio dê mamadeira pra ela. Depois da mamadeira, dançamos suavemente pela sala, embalamos um ao outro, enq

Cabeça baixa.

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19:03h ela desliga a luz da varanda. Ele aguarda. Aguarda mais um pouco. Talvez seja hora de voltar pra casa, chorar um pouco e entender que tudo não passou de um sonho. No dentro dele, um grito silencioso rasga os dias, fere as noites, borra a existência sem a presença dela.

Reynaldo Gianecchini X Banco Itaú Personalité

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Hoje, ela me disse bom dia. Eu disse: "bom não, ótimo!" Deitado na cama, 00:45h penso no dia pra saber que dia foi. Estou voltando do cinema, fui ver Pina e me lembrei muito de você. Minha professora de dança finalmente voltou, amanhã retomo as aulas de tango. Mais cedo, uma hora inteira no Banco Itaú Personalité. Ninguém entende porque acho eu estranho ter pedido um cartão de crédito em novembro e ele até hoje não ter chegado. Ninguém acha estranho eu ter tido uns 3 gerentes no último ano, ninguém acha estranho me avisarem isso quando chego lá pra resolver alguma coisa pendente e o gerente que estava resolvendo ter sumido sem dar notícias pra sempre. Acho que eu devo ser mesmo muito estranho. Afinal, eu continuo achando estranho a gente não poder resolver nada com uma pessoa. Tem sempre uma "entidade itaú" que é o responsável por tudo e o simples jacu que está na minha frente não pode se responsabilizar por nada. Afinal, ele só tem "acesso ao sistema..

Haikai da alfaBêtização

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Beatriz escreve paixão trocando o x.

Seus dedos

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Seus dedos mágicos despertam a sutileza do meu olhar. Move-os em baile. É pó de pirlimpimpim que tilinta espaço, que orna o tempo. Colar de pérolas invisíveis, espalha ao vento os desígnios de existir. Faz cosquinha na nuca da paixão, chama a minha atenção, hipnose múltipla. Respiro o compasso das ondas dos dedos. É cedo. O sol vai nascer. O voil da vida balança, enquanto espero a hora que dança. Adorna e torna a me confundir, levita ser, conduz estar, renova querer. Seus dedos envolvem a tramela do basculante do peito. Seus dedos entornam óleos motivos nas gretas que levam ao coração. Seus dedos arranham a espera do encontro. Em baixo da unha, minha pele que pede pelo apelo. Sou zelo. Sou selo. Sou só, eu, em busca da ponta apontada do seu dedo para mim.

Haikai da princesa contemporânea

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No colo dele seu nome sem sobrenome  era sapatinho de cristal.

Flor de Sal

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Ela: – Diz belamente Mia Couto:  "Magoa-me a saudade do tempo em que te habitava como o sal ocupa o mar como a luz recolhendo-se nas retinas desatentas..." Eu: – Putz. Ela: – como eu faço pra me comunicar nos dias de hoje? Eu: – Acho que desligando tudo. Ela: – A paz não basta? Eu: – Eu não sei. Estou sabendo de nada, disso tenho sabido muito. O nada tem me acompanhado tão de perto que sobre o nada pode me perguntar... mas da paz? Ela: – é que eu tô em dúvida... fala sobre razão e emoção, vai. Eu: – Olha, eu não sei, mas acho que uma boa pista é pensar que a razão crê que sabe os porquês e a emoção acha que da conta do como. Mas uma só crê, a outra só acha. Acho que nos contos de fadas e nas fábulas podemos achar mais pistas... Ela: – Detesto uma coisa e outra. Coisa pra fraco de espírito. Aliás, espírito é uma coisa que não me convence. Eu gosto é de resposta. Eu: – Talvez a resposta esteja sempre ao redor das fogueiras, no crepitar das chamas, na subi

Se eu tivesse uma avó com o nome de flor

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Se eu tivesse uma avó com o nome de flor eu comprava um vinho, e coberto de amor bordaria um poema, gema sem dilema pra ornar seu colar e poder conjugar o sentido confuso desse verbo amar. Se eu tivesse uma avó com o nome de flor estudava italiano (talvez um piano) e encantava seu canto, suas dores, seu pranto e cantava seu manto, seu santo acalanto. Se eu tivesse uma avó com o nome de flor ia à pé caminhando pra rua do Ouro pra comprar um presente que ela merece, pra dizer que esse neto na sua vida tece muitos gestos e gostos, sonhos amanhece, na esperança divina do tempo encontrar a resposta que busca nas noites insones, das noites escuras que envolvem o luar. Se buscasse na Ouro, no 292, revelasse a Cum Panio do doce Camilo, eu faria a surpresa, e um tempo depois eu viria em sigilo, pra mesa, pois sois a avó favorita!, a pessoa aflita que conhece o caminho do encontro e do olhar. Para esta vovó, de nome pequenino, o mais nobre carinho. Do ninho, a mistura, e seu pão reinven

Uma equação e três macetes importantes

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Ei, papai! Como vai, minha filha? Que saudades... Sabe, ontem cheguei em casa e fui direto pro seu quarto, lhe mostrar a placa que ganhei em homenagem à minha participação na criação do Vozes de Minas, a associação dos profissionais da voz que trabalham com publicidade, minha filha. Parece que a vida é assim, tem hora que a gente começa a fazer a curva do tempo. O que você vai ser quando crescer, meu amor? Fiquei conversando com você, pra saber das suas escolhas. A vida é escolha, filha. A gente escolhe o que quer ser, a gente escolhe o que fazer, a gente escolhe escolher. A vida tem sim e tem não, de um lado e de outro. E tem as escolhas da gente frente as respostas que a vida nos dá. Tem uma matemática aí, que é importante demais, filha: em saber a relação entre QUERER, ESCOLHER e ASSUMIR. É mais ou menos assim: querer + escolher = assumir. Agora, cuidado! Nem sempre essa regra é igual a matemática. Acho que é por isso que papai já tomou bomba. Às vezes a vida é meio pente

O silêncio e o dia mundial da voz

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Dia 16 de abril é o dia mundial da voz. Herder, filósofo que tem uma produção belíssima sobre a origem da linguagem defende a audição como sentido central aos demais, seu elemento de ligação. Na verdade, cala em mim toda a admiração por estes profissionais e amantes do que nos torna, sem dívida, mais humanos. Das impressões primitivas - de que fala Herder - às elaborações de todo vulto, da fala e o silêncio, do canto e o hiato somam-se os princípios do ser, muito humano, em busca de (seus) significados. Hoje é um dia que se pretende especial. Para mim, sem dúvida. Não recebi parabéns, não recebi um email, não me ligaram pra me dar um beijo pelo dia de hoje. Mas hoje pode ser considerado um dia bem meu. Ainda mais neste ano, um ano especial nesta área: há 21 anos, eu fazia minha primeira locução publicitária na REC estúdios de gravação, com o talentoso Alexandre Martins, profissional competente que veio, ao longo de 21 anos, se tornar um amigo, por vezes confidente, nessa sea

A explosão está prestes a acontecer

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Ela não dá notícia, não sabe como está. Se assassina na espera do carinho de uma palavra. A solidão do verbo não conjuga a paz. O desespero é conjugado na falta de ar que anuncia o rasgo do peito. Nada do que sente, tudo do que quer, nada do que faz, tudo desse amor, o clique do relógio desvenda a solidão das horas, a cabeça se esquece que um dia iria explodir a qualquer momento, o sentimento mente, a solitudinega, o casamento inventa, o berimbau contesta... há uma onda inesperada que vai resolver tudo afogando as mágoas. Um caminhão pode passar por cima de um carro, uma veia pode estourar no corpo, um desejo pode enlouquecer o santo, um espelho pode contar a verdade para ela, o rato pode roer os lábios de quem dorme um sono tranquilo de não dar notícias. Os incêndios, às vezes, são inexplicáveis. E os acidentes, uma fatalidade. Às vezes, fico pensando que as pessoas são corajosas sem os motivos verdadeiros de ser. Às vezes não.

Trovinha amarela.

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no quarto              o carinho espera                                      o carrinho espera                                                               o caminho é espera

Rodrigo Santoro é assim e pronto.

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"Amor não é merecimento. É assim e pronto." – ela escreveu. O diálogo que precedeu foi: – Eu amo. – Quem? – O Rodrigo Santoro e você. – Ele merece. Eu não. Daí veio a citação que começa esse texto. Fico pensando: eu não conheço o Rodrigo Santoro. Acho que ele é um cara bonito para os padrões estéticos estabelecidos na virada do século vinte pro vinte e um. Ok. Mas não sei bem se ele merece. Talvez mereça se tomarmos no diálogo o "amor" e trocarmos por "desejo". Se ela tivesse dito "eu desejo", talvez a resposta do "ele merece, eu não" fosse realmente acertada. Talvez não. Possivelmente, até o Rodrigo Santoro seja um cara bom de cama por ter a oportunidade de praticar muito, tendo em vista que um boa pinta consagrado como ele tem essa possibilidade – mas isso não passa de uma ilação. Não tenho dados que afirmem uma coisa ou outra nesta análise, a independer do que acha a esmagadora porcentagem das mulheres brasileiras. N

EM BREVE, UM LIVRO NOVO

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Este post é um TEASER, como os publicitários gostam de dizer. É só pra dizer que "está esquentando...", ou seja, vem aí o meu segundo livro. O meu primeiro, pra quem não conhece, foi lançado em 2008. Um livroCD, com um conceito novo à época, onde pude costurar um pouco de música, poemas, crônicas, ilustrações, sonhos... o que a interação midiática me permitiu. Foi muito bacana poder visitar cada uma dessas bordas do ser poético, pra falar um pouco sobre o amor e o infinito. Seu nome? 8 Sim, o numeral 8. O símbolo do infinito, que traduzia, ou tradizia sobre o movimento... Meu segundo livro vem agora: um livro de poemas, feito com MUITO amor, muita luta, muita dor, muito sangue, muita crença. Muito desejo, muito tesão. E dessa vez, uma escolha nova: vou fazer uma pré-venda pela internet. No Facebook e aqui no blog, os amigos, leitores, curiosos vão ter a possibilidade de comprar antecipadamente, por um preço bem convidativo e um bônus! Quem comprar antecipadamente

Sobre idas, vindas e o silêncio água de Deus

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Na ida conversamos quase que todo o tempo em francês. Minha prima tem um francês intermediário como o meu, apesar do meu estar mais destreinado. Tenho cuidado disso. Na volta, continuamos os assuntos da ida, com mais pausas dramáticas, silêncios confortantes e desconfortantes, revelações e confissões simples de quem tem intimidade pra isso e sabe do desejo do Bem. Sobre um assunto que durou muito, já na volta: – Sabe uma coisa que não me acostumei ainda?... é que pra mim, tudo bem ir ao Sushinaka sozinho, ir a um boteco sozinho, ao cinema sozinho (aliás, até prefiro, dependendo do tipo do filme)... mas uma coisa me incomoda muito muito mesmo. É justamente isso... é chegar de uma viagem. A minha maior depressão é quando chego de qualquer lugar (principalmente de uma viagem mais longa) e tenho, instintivamente o reflexo de pegar o celular pra ligar, avisando que cheguei... ... É aí que me dá o maior vazio, é aí que o real se apresenta mais cru, mais real, mais oco, mais menos:

um pouco da nossa páscoa

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Beatriz, como papai não pode passar a páscoa com você ainda, vou pra fazenda da Tia Cenira, passar com o afilhado do papai. Sua mãe já recebeu a caixa que enviamos, com o cartão acima, e todos os presentes da nossa família. Tudo que tenho pra lhe dizer nessa páscoa está no cartão que sua mãe leu pra você, e que está na foto acima. Sua Tia Guigui lhe deu de presente um carrinho lindo, amarelo, o que mandei a foto pra sua mãe lhe mostrar. Coloquei ele no seu quarto, está uma coisa! Dá vontade de ver você em cima, brincando e curtindo. Estou levando 3 livros pra ler e um caderninho pra escrever umas coisas, que as coisas vão comigo, não deixo pra trás. Tudo vai comigo por onde ando, minha filha. Tudo me acompanha. Espero que a páscoa faça sentido, pra mim, pros outros, pra quem interessa, pra quem deveria saber o que significa páscoa. Fique bem e em paz e saiba que por onde for, levo nosso amor. Que você tenha muitas histórias lindas pra contar, mesmo em sonho, nessa páscoa que Deus n

As cartas não mentem

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Fui numa cartomante. Ela me disse pra esquecer você. Disse que tudo vai dar certo, que o amor é deserto, que o bem é o bom da gente. A gente sente. Sente na soleira da porta, sente na cama vazia, sente na mesa sem companhia. Sente e espere o tempo mandar. O tempo tem pó. Voltei a sentir asma, voltei a saber dos meus pulmões, a cartomante não vende balão de oxigênio. Ô eu que suspiro. Quando falta ar, é melhor se sentar. Corre o vazio de existir pra fazer sentido e vira vento com seu movimento. Somos só músculos, ossos, troços em fricção. A cartomante não tem a cura não. Cartas que adivinho, sopros da mente, inspiro e piro, que suspiro é só da gente. Meu coração é baralho, me embaralho esperando você cortar. Aprendi a fazer mágica com as cartas do coração. Em todas, sua foto pra quando você escolher tirar. Quando tiro uma carta do peito, o jogo banguelo grita, a criança chora, o velho agita, e a brincadeira acaba para todo o sempre. No baralho da cartomante,