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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Carpinejar é quem tem razão

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Hoje acordei com minha filha. Fiz carinho nela, até que abrisse os olhinhos vivos e amendoados. Cílios que beijo. Ela acorda lentamente. Ela acorde maior, na escala da vida. Levantamos juntos, fizemos café, ela tomou café com leite desnatado comigo, colocou a roupa de corrida em mim, a minha filha. Juntos escovamos os dentes, descemos as escadas, chegamos ao bairro Belvedere. Não imaginava que ela fosse aguentar correr 16 km comigo, no mesmo ritmo, com apenas onze meses de idade. Deve ser um recorde mundial, imagino. Suamos juntos, juntos bebemos água. Pegamos o carro e ela dirigiu no meu colo até o Minas Tênis Clube. Minha filha já sabe nadar. Nadamos 1.500 metros, sem bóia, sem afogar. Juntos brincamos com um e com outro, que ali estavam treinando na piscina olímpica. Tomamos banho, ela e eu, óleo de amêndoas. Cheirosos e de mãos dadas chegamos à mercearia do Lili para esperar a chuva, que veio. Ela se comporta enquanto leio Herder, ela ri enquanto escrevo poemas sozinho espe

Calo.

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Pensava se a Bíblia ao lado o confortaria tanto quanto o peso da cabeça dela em seu peito. Seu cheiro e o movimento de sua respiração o excitavam e o acalmavam. Ondas de amor e paixão. Calmaria e turbulência na inconstante definição do encontro. As nuvens negras tapavam o sol que estava ali, à espreita. Só se podia sentir o sol na crença, só se sentia o sol no plexo da existência. Dormência. Dos sentidos, dos feridos, dos umbigos, dos rasgos abertos na pele inflamada. Ardia. E chorava o amor, transbordando de desejamar, e lancinante a dor, regaço de se deitar, e pulsava medo, amordesejo desejamente obscura, soturna, sutura, prazer inexplicavelmenteamante delirante, vivo, livre, bravo, aludido, confesso. O homenhanimal amulhersa encantos enquanto homenídeamente a mulher terreia-se vasta, corajosa, a fruição de destinos. Fértil. Desatinos convictos de pele vermelha, de tanto apertar. Pegava com as duas mãos. Cheias, inteiras. Na nuca, no ventre, no dorso, um urso. Cabelo

Haikai do Amor

A gôndola do meu amor é um barco a vapor.

Eleva a dor

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Enquanto Renata Feldman fala das Coisas da Idade no http://renatafeldman.blogspot.com/ , vivencio algumas delas. Vai outro fragmento de um papo de elevador, da semana passada. ... Eu: - Pô, mas sua neta fala bem português, pra quem nunca morou aqui... (a filha de uns 15 ri) Avó: - Mas é que na casa dela os pais só falam português. Meu amigo Ramiro: - Conheço uma pessoa assim, também. Fala perfeito porque dentro de casa os pais só falavam português. (a menininha de 3 anos assiste atenta e Ramiro pergunta pra ela) Você também vai pros Estados Unidos com a vovó? Piquitita (brava): Eu não vou! Eu nem gosto do Mikey e da Mínnei! É, amiga Renata. As coisas da idade tem seu tempo. E nós, que nem gostamos da Minnie, somos tantas vezes obrigados a ir ou não ir... ou "deixar ir", como no seu elevador ou no lá de casa...

O Menino e a paz mundial

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Antes de ontem dei uma malhada na filha da Elis no Facebook. Na verdade, pra quem entende, eu estava malhando algum sem noção (não sei quem assina a direção - isso não importa pra mim e na frente digo o porquê) que não entende a falta que faz uma boa direção pra uma carreira (ou pra um show). Como diz uma amiga minha inteligentíssima que não tem Facebook, a Nane, estamos órfãos é da Elis. E isso já diz tudo. (Na verdade, ela me falou isso antes de que eu tivesse acesso ao DVD da Maria Rita) Só para atualizar quem não é meu amigo no Facebook, eu disse que a Maria Rita cantava igual a Elis vestida de Cláudia Leite e com um corpinho de Mercedes Sosa . E depois comentei que só não acrescentei " e com um cabelo de Mariah Carey " que tinha achado que seria maldade. Claro, fui jocoso para ficar engraçado o comentário, mas o que senti com isso tudo é tristeza. Por alguns motivos. O primeiro deles é que até o momento dessa postagem, 37 pessoas curtiram o meu comentário e 2

Orinoco flow 2

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Chora pela manhã. Mas sabe que o dia é longo. Tenta a cultura de massa, pra distrair-se. Mas depara-se com o vazio. Pesa a existência, diante da incompreensão. Acredita. Destrói o negativismo, levanta da cama. Transmuta o sentimento em exercícios de produção de sentidos. Sabe que os universos particulares se tangem, se misturam. A órbita dos desejos de cada ser humano se amplia no contato com o outro. Planetas  individuais, sementes do bem que se cruzam compartilhando energia. Há bem. Ah, bom. Ainda bem. Foca no amor, pra sair com o alforge cheio. Com os pés descalços, tira a blusa pra sentir o vento. Não esquece o chapéu. Mas sente o sol, que esquenta a nuca. Lembra da mão na nuca. Lembra do cheiro, lembra do suspiro e da pele. E vê flores, independente do clima, da chuva, das nuvens, das saudades. Quer rir, mas ainda não consegue. Quando o riso chegar, vai estar preparado. E saber amar o riso, o passarinho do encontro. Fia-se na aliança: o universo é anel de ouro. E seu brilho

Tango-me

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Tango-me. Mãos e pés.  Sinto mais falta dos pés. Pés que dançam na noite escura, blackout de nós, embaixo do edredom.  Queen size, our size, no size.  Edredom de roçar, encaixado, dom de colar, enrolado, casulo o casal. Tempero da noite, temprano sono, dizzy love, diz se ama. Por favor, não me engana. Astor a nos visitar, vultos que não dormem, mas sonham.  Dança nas estrelas do quarto, fractais dos desejos molhados, enlaçados, atolados, expurgada a realidade crua. Pele morta em baixo da unha. Somos mais do que carne nua. Incrustados, bocas que mordem carinhos. Enluados, nossas tantas marés. A noite se confunde com o dia que habita em nós. Nossos nós. Nós, bandoneón. Os lustres exibem os corpos friccionados na lisa pista, o bandoneonista se curva ao nosso eterno rodopio. Dança que não acaba nunca, rosa vermelha de desafios. Fecho meus olhos e ouço baixinho seu coração. No compasso da música, o reflexo do piso encerado é só movimento de coxas, de

Haikai da contemporaneidade 2

O mundo é undo.

Também

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rudepenatristeluto, enganorixaholocaustopranto. rasgadofétidoensimesmadodolorido, ossoríspidoenlouquecidoantigo, brutomagoadorevoltadoaflito. lânguidadinâmicaestruturadainteira, absolutalógicaracionalgarrida. chorosa. belicoso. mágicoinesperadoastutoaudaz, básicosimplescongruenteeloquente. tenaz. amável. e os dias e as pessoas, assim assim.

chiliquinho de menina

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Deitado na cama da filha com os pés encolhidos. Abraça-a como pode, ela não está lá. Sente o cheiro da roupa de cama lavada, que nunca foi usada, estendido lençol, que gatinhos rosas. Bonequinha preta, bonequinha bege, bonequinha sentada, de brinco, de pano. O travesseiro do engano. Deitado, encolhido, castrado, ferido, opta por ser objeto do quarto, decoração que adorna, no canto. Ilustração que ganha vida, da parede olha com olhos de "o que você está fazendo aqui?" Giz de cera verde, giz de cera bonino, o bom menino amanhece nos braços do coelhinho de travesseiro. Olhos de botão, cruz de lã, é novelo que fia a confiança de saber do Caminho. Segue ela no labirinto! - diz o elfo do quarto, Desenrola a lã pra ela, que ela é pequenina! , sabe o tudo. No porquinho de moedas, o cofrinho que guarda os ensinamentos da provisão. Pro visão do futuro, pra visão do maduro, pra visão de vê-la entrando e se medindo na régua do tempo, que o Amor deixou de presente. Pres

Haikai da temperança

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A tempestade vem com o vento e me leva a mando

A mil passos das mãos

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Ontem, teve uma experiencia nova: andou de mãos dadas. Há muito não fazia isso, tinha se esquecido do que era o toque, o tato, o teto. O tudo. O onde, quando as mãos se abraçam gentilmente, a suavidade, o encaixe, o enlace. Envolvem-se os dedos da alma, o perfume da calma, o gosto gostoso do suspiro teimoso, que vem. Lambida da pele. Lamento do espaço. Nó do homem, regaço. Amanheceu sentidos durante 5 passos. - Liberte-se! - disse. Se dedos, penas, as asas dadas. Voe vento de bater de asas, que meu compr-omisso é como insistir. As unhas do tempo crescem, sem lhe machucar os dias.

Não se deve comer torresmo todos os dias.

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Queria escrever algo marcante. Ser interessante, inteligente, ousado, perspicaz. Afinal, é a primeira postagem de 2012. Na verdade, não tenho muito a dizer. Só que, partindo do pressuposto que passado simplesmente não existe e que futuro é uma construção psíquica, tenho que ser feliz hoje. Hoje, vai ser mais difícil. Hoje não vi minha filha. Não senti seu cheiro, não a vi curiosa com meu colar, em meu colo, não olhei em seus olhos, emoldurados pelos cílios mais lindos do mundo, não vi seu olharzinho lânguido de mel, não ouvi seu suspirinho. Nem ao menos dei uma fungada de pai na sua nuquinha pra deixá-la com aflição da minha barba cosquenta. Também não amei loucamente, não fiz um sexo enlouquecido de alegria sem hora pra acabar, não não vi meu objeto de desejo, não dei sequer uma gargalhada, não comi uma feijoada, não tomei uma cerveja com um amigo e brindei a nada interessante, não fiz uma boa ação de fato, não ouvi Gilberto Gil, não encontrei meu melhor amigo, não tive mome